POR FAVOR DESLIGUE O COTONETE
Se a vida fosse assim tão simples como nos querem fazer ver, talvez não chorasse-mos tantas vezes as lágrimas que não queremos chorar, talvez nos risse-mos mais...
Se a vida fosse como a pintam, eu não via tudo cinzento por onde passo, por onde deambulo, vagueio, arrastando o fardo que é o meu corpo cada vez mais débil e mais torturado pelos cortes que faço sempre que abro os olhos e vejo a luz do dia a entrar pelo janela do meu quarto, que está sempre vazio, que tem uma cama e uma luz que insiste em entrar diariamente sem pedir autorização...
Se a vida fosse vida... Se não tivesse tantos "ses"...
Ao abrir a janela sinto-me cair no espaço que não me pertence.
Sinto-me invadido por forças que não são minhas, que me empurram na direcção de falésias...
Não reconheço este espaço e choro lágrimas que insistem em sair dos meus olhos castanhos cada vez mais vermelhos...
Ai, se a vida fosse assim tão simples...
POR FAVOR DESLIGUE O COTONETE
Está escrito no vento
o meu pensamento.
Perdeu-se no espaço
num lamento de incerteza
por entre os castelos
de nuvens cinzentas
buscando beleza.
Deixou-se embalar
na canção do vento
o meu pensamento.
E agora soluça
por entre a neblina
esfuma-se lento
na noite menina.
Correndo partiu
levado pelo vento
o meu pensamento.
Não sei onde está.
Não sei se ainda existe.
Se a tempestade enciúmada
o matou,
se o mar revolto
o tragou.
Se sucumbiu a rude ameaça.
Só sei que seguiu no vento
que passa.
Partiu com o vento
o meu pensamento.
Perdido no longe
no zero infinito,
não mais voltará.
O meu pensamento
perdeu-se no espaço
levado pelo vento.
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